sexta-feira, 13 de março de 2009

Querer

Lá em algum lugar
Onde a terra não se encontra
Sem querer te encontrei
Pois já não via caminho.

Queria estar contigo, te ter,
Mas não consegui, sequer te quis...

Enquanto o vento ta soprando do leste
Eu me viro pro sul
E a brisa que vem desse cais que me propões
Já não faz do teu mar tão azul, com aquele tom,
Que tanto queres

O que fiz foi apenas tentar te querer
Apesar de nunca querer ter te magoado
Essa noite fiz um sonho por ti, não por nós.


Em: Segundo semestre de 2004

quinta-feira, 12 de março de 2009

Por Não Ver Nas Outras

Assistindo ao teu retrato, pregado no espelho do quarto,
Finjo não parecer aflito...
Hoje uso roupas debaixo do chuveiro
E ponho gelo pra esquentar o frio dos lençóis...
Quero um isqueiro para apagar a fome de distancia
E uma nuvem para pôr brilho no temporal de muitos sóis.
Quero uma vida pra me livrar do velório
Que fiz por não ver nas outras os teus olhos,
A tua voz fina que me chama de “bobo”.


Em: Primeiro semestre de 2005

quarta-feira, 11 de março de 2009

Água e Terra

Oh! Minha velha e querida amiga
Mãe eterna, feita de terra, água e pedra
Oh! Querida mãe... Eterna!
Se me amas faça-me crer que não és
Apenas água e terra.
Sei que és maestra,
Que reges as matas os sons,
Os grãos as terras,
Seu próprio povo ao sacrifício da nova era.

Todavia madre, si no eres la solución qué esperas
Para mi, dime entonces que puedo hacer al pueblo de mi tierra,
De su tierra,
Ya que ni ellos saben quien son.


Em: Primeiro semestre de 2004

terça-feira, 10 de março de 2009

O Dia Que Nunca Te Encontrara

Você me infere, faz o meu silencio e o teu pudor,
Os teus desejos são insultos de noticias
E chamam sempre a atenção de quem
Que estando de frente a sua fotografia percebe o quanto ela se desgastou tanto,
Porque passou a vida inteira guardando os próprios passos
E de si próprio esquecera,
Esquecera do dia em que o destino nunca te encontrara.
Teus dias nunca passaram a ser os mesmos,
São sempre iguais
E tua maquiagem já não pode te livrar do próprio esquecimento.


Em: Primeiro semestre de 2004

segunda-feira, 9 de março de 2009

Se Um Dia

Quando pensares em alguém, lembre-se que um dia te cuidei
E guardei uma obra viva que se foi e que não mais retorna.
Irás amar alguém, logo, sentirás o que um dia alguém por ti o fez...
Não o despreze, pra que não se vá sem qualquer volta.
Se duvidares de alguém, esqueças que um dia não o fiz por ti...
Não queria que partistes para o nunca mais.
E se um dia, outra vez, eu for esse alguém, saiba que não sou o mesmo que conheceras,
Pois o que brotara em mim não se fora nem voltara mais.


Em: Segundo semestre de 2003

domingo, 8 de março de 2009

O Ideal

Os fatos já pareciam escritos, acho
Que os li quando criança. Foi o que
Escolhi, a vida dos sonhos, a aventura
Dos loucos. O premio (?), um beijo da
Mocinha (não conhecia o “bobo”). Ainda,
A prova de que não sou dos outros, o que
Todos querem, e o contrario recebem,
Apenas de mim esperam o que foi
Projetado, construído. Do acaso nasci,
Por ele te encontrei. Responsável, poucos
Queriam; criticavam, agonizavam abertos.
Respeito, só dos poucos, para os poucos
Um produto final dos fatos. Ouvidos (!),
Para quem tem coragem, vontade. Ser
Aceito por poucos, a ser predestinado pelos
Fatos de pontes inacabadas. Não ser
Aceito, ouvido ou respeitado serei visto por
Uns montes que desperdiçam a vida
Achando, seguindo conselhos fúteis do medo;
Assim viverei com quem me identifico.
Prefiro os que acreditam (em mim, em si).
Sou os dias claros de “insegurança” às
Noites frias de certeza. A incerteza
Morna de felicidade à brisa sempre
Saturada de vaidade. Sou um aprendiz
Que aprendeu a conquistar o que quis, um
Dia, seguir caminhos que rumam, ainda,
Ao desconhecido, surgir a si mesmo
Como trilha a ser seguida – alguém a
Quem devo respeito, confiança, a ser mais
Vivo, intenso, forte nos obstáculos da
Vida, firme a cada vez que vem a
Imagem, palavra, uma mensagem,
Som, foto do que quero pra mim,
De quem quero pra mim, pra nunca
Mais largar pelo resto dos meus dias
(Dos nossos dias, pois, também, tou
Aprendendo a dividir).


Em: 23 / 03 / 2005

sábado, 7 de março de 2009

Nublada em Tempestade

Sempre assim, tão errado até quando (?)
Tudo vai ser diferente dessa vez?
Os meus sonhos, suspensos por um fio de barbante,
Estão ameaçados
Por uma lâmina, afiada e rente.
Parecem até pesadelos...
O céu, já cinza-escuro,
Mostra a vida nublada em tempestade.
É quando peço uma seda fina
Pra não sentir frio
E um agasalho para os dias mornos.


Em: Primeiro semestre de 2005

sexta-feira, 6 de março de 2009

Nem Um Dia

Bebi, pois não tive outra opção,
Pois não vi saída. Fiz uma prece para a certeza da verdade
Que tive numa canção... A saber
Se tou certo acerca do que quero
Para minha vida. Fi-lo, pois não sinto
Em outras as magias tuas,
Tua voz e teu rosto
Vinham na lembrança delas,
As partidas.
Bebi por um coração, pra não ganhar outro
E delas, não quero mais
Nem um dia.
Bebi pra ver a imagem
D’Eu indo até onde estás,
Assim como uma ida sem que seja preciso voltas.


Em: 03 / 2005

quinta-feira, 5 de março de 2009

O Aprendiz e o Mestre

Sou o que nunca quisera
Um qualquer analfabeto
De ilusões e das paixões
Um aprendiz, um mestre ou algo mais...
Sou puro amor,
Um herói de razões multáveis.
Pro dentro, toda a dor
Por um fio de pura carne

Enquanto isso ou mais, sou o amante dos amantes,
O espetáculo da pena ao choro.
Sou apenas livre pra te levar
Ao fosso e à incerteza que sobrevive
E te sobrevoa,
Ou àquela felicidade que te espera
Se não te fizeres à toa
Assim que te sentires comigo.


Em: Primeiro semestre de 2005

quarta-feira, 4 de março de 2009

Enquanto Eu Quase Te Esquecia

Os raios caindo do céu dizem algo
Como as flores brotadas no chão
Uma vez Alencar descrevera essa estória
Quando uma pedra caía à beira de um rio.
As folhas, os livros e os laços,
A liga dos fatos proibidos
Mostram que o fim de tudo, daquela nossa muda,
É algo que não se partiu, pelo menos ainda...

A fita que liga esses bordões e os fatos à vida
Apresenta-se a ti como um relâmpago
Enquanto os dados jogados me dão paralisia.
Uma corda de violão quebrada,
A lenda dos fogos de artifícios,
Uma terceira vida, que talvez me atrapalhe,
Fizeram-me esquecer que quase te esquecia...
E na frente do espelho, enquanto minha imagem se refratava,
A tua se partia na minha memória
Os pés descalços, de tanto andar, sangravam,
E o teu sorriso já não mais
Fazia a minha alegria.


Em: Segundo semestre de 2003

terça-feira, 3 de março de 2009

Por Uma Outra Direção

Eu quero ler os livros que comprei e não li,
Quero montar frases...
Impossível decifrar
Quais palavras me fazem montar um quebra-cabeça
Que contém o teu nome
E saber onde estamos.
Quero que me convenças
E que me leves para onde vamos.
Os galhos, estirados no chão, d’uma árvore morta
Apontam para aquela direção,
Saindo por aquela porta.



Em: Segundo semestre de 2003

segunda-feira, 2 de março de 2009

A Minha Infância

Linda luz, ilusão que desapareceu!
Não fazia idéia do suor no espelho...
Uma fotografia da semana passada, nele pregada
Disse tudo o que acontecera depois daquela data
Luz, ilusão linda que escureceu!
Fez tempo que no meu peito sangue não jorrara...
Quis acreditar que tudo é objeto do passado,
Tentei fazê-lo, mas não consegui... Quase nada,
Senão jogos, idéias de ilusão e farra.
Quase acreditei que ainda sonhava
Quando a minha infância estava
Exposta à porta da calçada.



Em: 09 / 12 / 2003 – 20:40

domingo, 1 de março de 2009

No Amanhecer

Quero uma almofada pra amortecer o que sinto
Quando vejo um casal se beijando,
Uma máscara pra esconder o que recito,
Quando lembro do primeiro beijo,
Ou uma película pra rever o filme
Que encenamos em uma varanda
No amanhecer.
Quero um lençol pra ser usado como tanga,
Manchado de batom vermelho
Por pretexto a conseguir prever
Uma palavra que me convença
De que o que passou não se podia prever ou crer.



Em: 09 / 12 / 2003 – 20:40