quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Apenas 1

Sabe quando alguém fica de quatro e, da queda,
Não sabe se levantar?
Sabe quando a gente sai de si e não sabe voltar
P'ra onde estava, quando grita
E parece que o berro passa despercebido?!
Todo mundo já sabe, porque conhece a mesma história...
Sabe do espelho que é e assiste de longe
Uma vida a só se desmoronar.
Isso, porque já é certo pra todo mundo
Que ali, naquele canto, mora bem mais
Que apenas 1.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Poeta da dor barata

A melhor dor é aquela que se sente e não se externa.
A que a gente diz algo. Talvez doa um pouco,
Mas acho que não tanto quanto aquela de cor,
Que pinta nossos segredos,
Que nos faz sair por aí espalhando
A coisa de que encontramos
Um novo alguém, talvez um amor, um pouco de qualquer coisa.

Acredite que o pior de tudo é não sentir dor.
É não poder dizer algo, poder sentir nada,
Porque toda dor é fruto de felicidade, que assim transformou-se
E que, por acaso, volta
De uma metamorfose sem fim. Que se acaba
Logo que se dá um basta p'r'a toda dúvida,
P'ra essa dívida que não se acerta
Enquanto a paz não encontra exatamente
Aquilo se busca.
Enquanto não se aceita qualquer condição orgânica
De certeza. Falo de andar e andar
E chegar até a extremidade.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Ansiedade adolescente 2.0

'Tava vasculhando suas fotos, lendo uma história,
Buscando por algo que encaixe com a combinação
Do vestido que usava.

'Tava procurando palavras, assistindo um filme,
Buscando por algo que incrementasse
Essa conversa de pouca data.

Cada recado, cada espera,
São cheios de versos
Espontâneos, traduzidos e diretos.
Mas ainda resta algo... Talvez
A inocência de ser discreta...

domingo, 1 de agosto de 2010

Vale vida

Vale um vale vida
A vida que leva p'r'o vale,
Um vale-transporte que leva p'ra onde a vida leva,
P´ra lá onde ela vale mais do que se espera...

Vale o que faz,
Leva o que traz.
Esse seu ar que vale um pouco
Vale um centavo de tudo o que vale.

Leva maldade e abre a porta,
Na parada pede um 'vale',
Volta p'ra casa e leva a vida.

Vale-postal, 'vale-comida',
Vale a rotina e a companhia,
Vale qualquer grito, esse sacrifício...
Parece frígida, mas é fingida.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Meio de propósito

'Tava tímido, com os pés no chão
Meio estátua (acho que de propósito)...
Havia pouco a dizer com o muito que tinha guardado
Mas era só e me veio aquela hora que não esperava.

Por várias vezes nos deixaram ' sós,
Fugiam, porque queriam ver algo!
Parecia uma aposta,
Não me era esquisito, pela cara,
Mas ainda desconfiava de tudo...

Tarde da noite, já tinha esquecido,
Estava em paz e, de repente, enfim,
Por um grito, chamei e fiz um pedido
E tudo ficou exatamente onde deveria...

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Esse teu ar, essa maldade

Me acabo em pedaços
Quando vejo tuas fotos,
As tuas mensagens
Subliminares, intocáveis, que no silêncio
Penetram meu espaço, devagar,
Como esse teu ar de inocente.

Você esconde um desejo,
Algo sadio, natural, de um ser mortal
Bem preocupada com a moral
E com alguém que te cerca
Mas não disfarça o segredo dessa tua vontade de ficar perto
E eu espero, galanteio bem devagar
Com a cabeça no lugar de quem não quer nada...

Talvez você pense que eu vá até onde está,
Tive essa idéia esses dias...
Mas é que é esse o meu jeito!
Mesmo querendo, nesse tipo de jogo,
Me jogo como um selvagem
(Quando o risco é pequeno...)

E você sabe que a tua vantagem é que me faço idiota
E vou mesmo, cheio de ar, de gás,
Até sabendo que, por pouco, vou
E acabo quebrando a cara por nada.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

[79 anos...]

Um dos melhores prestígios,
Um dos melhores almoços,
Uma das melhores festas!
Foi o melhor aniversário, com dos melhores encontros!
A melhor sabatina e a melhor das brigas,
Era de bela o discurso, no mesmo instante, sua graça!

A melhor das batatas, o melhor dos picados,
O melhor par de sapatos,
A melhor xícara de chá.
O melhor do café,
A melhor receita do melhor remédio,
O melhor bolo coberto
E o melhor dos presentes: sua presença!

A melhor saída, o melhor dos elogios,
A sinceridade era a melhor parte
No melhor do seu ar inocente...
Atenciosa, a que nos unia,
Era o melhor motivo p'ra dormir fora de casa
Alguns dias.
Ensinava sem querer que o melhor de tudo
Era a própria simplicidade, sua.

A melhor das histórias, o melhor dos discursos
A melhor das birras de galo
E o melhor do vestido coberto
Na sua postura senhora.
A melhor das avós, no melhor das tias
A melhor, segundo netos e sobrinhos.
A melhor rainha dos carnavais
Da massa ao esporte fino.

O melhor da saudade, a melhor lembrança,
A melhor conversa,
O melhor motivo,
Era ali que se dava a melhor gargalhada!
O melhor puxão de orelha, o melhor passado,
A melhor das vizinhas,
A companhia daquelas das titias.
O melhor pedido de fica.

O melhor dos meus 20, a melhor ansiedade,
O melhor cuidado, no melhor calor
A melhor ida à praia.
O melhor do sábado à tarde
'Tá no melhor do meu passado inesquecível.
O melhor jantar, na melhor despedida,
A melhor insistência
E o melhor cuidado.

A melhor dança, a melhor queixa,
A melhor mãe da melhor família
A melhor obra de lembrança e de vaidade.
A melhor saudade da que melhor acolheu...

É que vai fazer muita falta
Essa sua autenticidade.
Não há queixa, dúvida, confessa,
Já está no melhor de tudo
No melhor do meu lado,
Essa sua melhor parte.

('Maria Amaro', :) 1930 - 2010 +)

terça-feira, 22 de junho de 2010

Depois de crescidos 1.1

Acho que me enganei
Bem pouquinho, talvez por besteira,
Foi naquela mesa ou talvez antes
Por bem pouco e você ficou distante...

Foi um pedido de favor
Me enganei de novo e todo errado
Te pedia algo, mas você não ouvia...
Queria uma lima p'ra alisar tuas asas.

Tudo ficou estranho, cinza,
E eu feito menino cai no chão duro.
Suspenso pelo pé que não pisava
Pensava que o chão era macio,
Depois da queda, fiquei dolorido de dúvida...

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Depois de crescidos

Já não é estranha
Essa vontade doce,
Esse frio na barriga que esquenta as orelhas,
Esse chão macio sem meus pés nele.

A gente se parece, se brinca, se gosta
E esnoba a palavra que define nós...
É uma pequena saída que evoca
Essa vaidade de te ver.

É que a gente sabe disso
Em tão pouco tempo,
Temos um passado tão parecido
E um ciume de qualquer coisa
Tão distantes, calados, cada um sabe do outro.

É uma desconfiança gostosa, medrosa
Infantil, que nem parece vir de dois adultos.
É até um insulto dizer tudo tão depressa...
P'ra quê tanta pressa, se no fim já sabemos
Que história toma esse final feliz?

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Minúcias femininas

É que você é bem diferente.
Eu me empolgo com outro desejo,
Acho que bem distante do teu...
Você até tenta e esnoba,
Mas acaba abrindo o jogo.

Tua beleza é exótica
E tampouco interessa os detalhes dos outros.
Os padrões afora dos traços marsupiais
São pequenos detalhes, que, bem observados,
Arrepiam...

Fala tão pouco querendo falar,
Descreve os desejos sensatos e íntimos
Da noite p'r'o dia, da areia p'r'o mar
E logo depois, joga a razão fora,
Se perde, se justifica

E indica uma luz bem distante
P'ra arrumar motivo
E virar um ser que ri e volta
E depois chora.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Seu silêncio

Bacana é o vinho da beata
E tem quem queira encher a cara
Com o seu sangue tinto...
Engana de tão vermelho.

Na saida a exploram
E dizem que o preço que se paga pela vida,
É um gole suave,
Acho que voluntário, mas forçado,
Quase como seus litros de saliva
E descanso de pernas...

Ela não quer, arremate,
Mas não a faça esquecer, amante,
De que o verdadeiro prazer não se sente
Da carne pela carne,
Mas do encontro pervertido entre almas
Ambulantes.

Ela não paga quando quer
Ter o mesmo que um outro alguém procura
E se cansa em tanto tê-lo
No instante em que se incomoda
Com muito
E quem abusa, com tão pouco...

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Ele e ela 1.1

(Proposta de continuação de "Ele e ela", Rodrigo Sena, 2005)

É interessante o que ela faz,
Ela esnoba enquanto ele se distrai
Nessa relação perdida!

Ela fala dos amores mal vividos e dos dias esquecidos,
Dos momentos, são, rompidos, que só ele
Não desfaz...

Ele sai por à procura de alguém,
Se distrai com alfazema doce e barata
Como em pouca vida ele viu e sentiu.

Não distorce a própria sorte, nem esnoba
Seu herói,
Enquanto ela julga o mal que ele não fez.

Faz um recorte da história...
De pouca obra
A ela não adianta dizer que ele sente
E também chora.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Ansiedade adolescente

O que tenho em mim é ansiedade
Na mente, na alma, na vida desses dias.
Sinto uma vontade de te escrever algo, qualquer coisa
Num monte de folhas de caderno...

É a coisa dos tempos de escola!
Aquele amor juvenil, aprendiz,
Meio vagabundo, que sabe muito pouco
Do que quer da vida...

É sério, vai bem além da coincidência...
É arte moderna, dos livros de História
De adolescência quente que aflige a barriga fria.
É que não esperava, mas calado sigo sorridente!

Sentido contrário

Enquanto o mundo esfria
Recebo um monte de mensagens,
Leio tuas postagens, aquelas tentativas de julgar tudo o que falo,
'Me fazendo' à vontade
Todo tipo insinuado de 'falado' ou coisa incerta.

É como se fosse minha a tua vontade,
Na forma em que me rebate esse desejo;
Talvez uma enfermidade
Que diz ser minha, mas que é tua...
É mais tua do que o teu desejo de minha.

Acho que uma paz serve, na paz,
Um pouco menos de tortura e de sangue,
Um pouco menos de chicote e de tapa
Que também sirva de coragem
P'ra entender um pouco mais essa verdade que acredita.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Depois de algumas tramas

Veio até aqui.
Sorridente, pareceu pálida
E em seguida se fez forte!
Tudo parecia inédito depois de algumas tramas...
Sentou, conversou e especulou
Sem que de nada soubesse.

Escondido, era tudo a mesma coisa
Mesmo diferente à luz dos olhos.

Passeou em segredo inocente,
No mais dos banais, que serviram de nada...
Dadaísta tanto quanto
Arrumar confusão no inferno.

E mais uma vez, sem motivo
Encontrou uma brecha que expusesse
A falta de moral, de paz,
Paciência...
Esnobou minha privacidade.

E ainda deu um tapa na cara,
Já sabendo que nada além do que se passara
Lhe abalaria.