quarta-feira, 23 de junho de 2010

[79 anos...]

Um dos melhores prestígios,
Um dos melhores almoços,
Uma das melhores festas!
Foi o melhor aniversário, com dos melhores encontros!
A melhor sabatina e a melhor das brigas,
Era de bela o discurso, no mesmo instante, sua graça!

A melhor das batatas, o melhor dos picados,
O melhor par de sapatos,
A melhor xícara de chá.
O melhor do café,
A melhor receita do melhor remédio,
O melhor bolo coberto
E o melhor dos presentes: sua presença!

A melhor saída, o melhor dos elogios,
A sinceridade era a melhor parte
No melhor do seu ar inocente...
Atenciosa, a que nos unia,
Era o melhor motivo p'ra dormir fora de casa
Alguns dias.
Ensinava sem querer que o melhor de tudo
Era a própria simplicidade, sua.

A melhor das histórias, o melhor dos discursos
A melhor das birras de galo
E o melhor do vestido coberto
Na sua postura senhora.
A melhor das avós, no melhor das tias
A melhor, segundo netos e sobrinhos.
A melhor rainha dos carnavais
Da massa ao esporte fino.

O melhor da saudade, a melhor lembrança,
A melhor conversa,
O melhor motivo,
Era ali que se dava a melhor gargalhada!
O melhor puxão de orelha, o melhor passado,
A melhor das vizinhas,
A companhia daquelas das titias.
O melhor pedido de fica.

O melhor dos meus 20, a melhor ansiedade,
O melhor cuidado, no melhor calor
A melhor ida à praia.
O melhor do sábado à tarde
'Tá no melhor do meu passado inesquecível.
O melhor jantar, na melhor despedida,
A melhor insistência
E o melhor cuidado.

A melhor dança, a melhor queixa,
A melhor mãe da melhor família
A melhor obra de lembrança e de vaidade.
A melhor saudade da que melhor acolheu...

É que vai fazer muita falta
Essa sua autenticidade.
Não há queixa, dúvida, confessa,
Já está no melhor de tudo
No melhor do meu lado,
Essa sua melhor parte.

('Maria Amaro', :) 1930 - 2010 +)

terça-feira, 22 de junho de 2010

Depois de crescidos 1.1

Acho que me enganei
Bem pouquinho, talvez por besteira,
Foi naquela mesa ou talvez antes
Por bem pouco e você ficou distante...

Foi um pedido de favor
Me enganei de novo e todo errado
Te pedia algo, mas você não ouvia...
Queria uma lima p'ra alisar tuas asas.

Tudo ficou estranho, cinza,
E eu feito menino cai no chão duro.
Suspenso pelo pé que não pisava
Pensava que o chão era macio,
Depois da queda, fiquei dolorido de dúvida...

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Depois de crescidos

Já não é estranha
Essa vontade doce,
Esse frio na barriga que esquenta as orelhas,
Esse chão macio sem meus pés nele.

A gente se parece, se brinca, se gosta
E esnoba a palavra que define nós...
É uma pequena saída que evoca
Essa vaidade de te ver.

É que a gente sabe disso
Em tão pouco tempo,
Temos um passado tão parecido
E um ciume de qualquer coisa
Tão distantes, calados, cada um sabe do outro.

É uma desconfiança gostosa, medrosa
Infantil, que nem parece vir de dois adultos.
É até um insulto dizer tudo tão depressa...
P'ra quê tanta pressa, se no fim já sabemos
Que história toma esse final feliz?

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Minúcias femininas

É que você é bem diferente.
Eu me empolgo com outro desejo,
Acho que bem distante do teu...
Você até tenta e esnoba,
Mas acaba abrindo o jogo.

Tua beleza é exótica
E tampouco interessa os detalhes dos outros.
Os padrões afora dos traços marsupiais
São pequenos detalhes, que, bem observados,
Arrepiam...

Fala tão pouco querendo falar,
Descreve os desejos sensatos e íntimos
Da noite p'r'o dia, da areia p'r'o mar
E logo depois, joga a razão fora,
Se perde, se justifica

E indica uma luz bem distante
P'ra arrumar motivo
E virar um ser que ri e volta
E depois chora.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Seu silêncio

Bacana é o vinho da beata
E tem quem queira encher a cara
Com o seu sangue tinto...
Engana de tão vermelho.

Na saida a exploram
E dizem que o preço que se paga pela vida,
É um gole suave,
Acho que voluntário, mas forçado,
Quase como seus litros de saliva
E descanso de pernas...

Ela não quer, arremate,
Mas não a faça esquecer, amante,
De que o verdadeiro prazer não se sente
Da carne pela carne,
Mas do encontro pervertido entre almas
Ambulantes.

Ela não paga quando quer
Ter o mesmo que um outro alguém procura
E se cansa em tanto tê-lo
No instante em que se incomoda
Com muito
E quem abusa, com tão pouco...

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Ele e ela 1.1

(Proposta de continuação de "Ele e ela", Rodrigo Sena, 2005)

É interessante o que ela faz,
Ela esnoba enquanto ele se distrai
Nessa relação perdida!

Ela fala dos amores mal vividos e dos dias esquecidos,
Dos momentos, são, rompidos, que só ele
Não desfaz...

Ele sai por à procura de alguém,
Se distrai com alfazema doce e barata
Como em pouca vida ele viu e sentiu.

Não distorce a própria sorte, nem esnoba
Seu herói,
Enquanto ela julga o mal que ele não fez.

Faz um recorte da história...
De pouca obra
A ela não adianta dizer que ele sente
E também chora.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Ansiedade adolescente

O que tenho em mim é ansiedade
Na mente, na alma, na vida desses dias.
Sinto uma vontade de te escrever algo, qualquer coisa
Num monte de folhas de caderno...

É a coisa dos tempos de escola!
Aquele amor juvenil, aprendiz,
Meio vagabundo, que sabe muito pouco
Do que quer da vida...

É sério, vai bem além da coincidência...
É arte moderna, dos livros de História
De adolescência quente que aflige a barriga fria.
É que não esperava, mas calado sigo sorridente!

Sentido contrário

Enquanto o mundo esfria
Recebo um monte de mensagens,
Leio tuas postagens, aquelas tentativas de julgar tudo o que falo,
'Me fazendo' à vontade
Todo tipo insinuado de 'falado' ou coisa incerta.

É como se fosse minha a tua vontade,
Na forma em que me rebate esse desejo;
Talvez uma enfermidade
Que diz ser minha, mas que é tua...
É mais tua do que o teu desejo de minha.

Acho que uma paz serve, na paz,
Um pouco menos de tortura e de sangue,
Um pouco menos de chicote e de tapa
Que também sirva de coragem
P'ra entender um pouco mais essa verdade que acredita.