quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

(Que) Culpa(?)

Cada perfume que usas, cada cheiro de mofo na tua blusa,
Em cada instante que olhas nos meus olhos
Há um profundo em mim que mergulha em tua alma,
Se perde no teu labirinto extenso de dúvidas e vontades...
Se desencontra na tua carnificina de cores, caras e formas.

Eu apenas te desejo sem culpa
Inconsciente do que faço, dos erros que cometo,
Do pecado que me assola em cada instante que te imagino sem blusa.
A cada palavra que articulas com tua boca, cada frase dita
Conquista como se me seduzisse com tuas curvas,
Teu corpo despido, tuas peças íntimas...

Tua pele, teu rosto, o cheiro do teu corpo,
Cada minuto distante parece um mundo ainda longe no horizonte
E das vezes que me fiz homem em tuas entranhas
Senti tuas pálpebras agonizarem, como se sussurrasse algo,
Como que quisera algo revelar aos meus ouvidos...

Até tua respiração me priva de cada dia igual,
Do passado mórbido, intolerante
Dos erros de pavio curto que me assolam os dias de hoje.
Sempre quando vens, sempre, esqueço de tudo,
Completamente, como se me privasse
De mim mesmo, do eu triste, insolente, inflexível,
Dá máquina construída em mim dedicada a corrigir erros
E a não cometê-los mais.

É como se eu olhasse para dentro de mim
E não me reconhecesse, ainda que me atirasse
Em mim mesmo, na minha essência, nos meus instantes... Sinto-me assim.
Desejei ser assim, assim, quis estar. Quero que tudo continue
Desta ou de outra forma, como se nada também fosse tudo
E tudo não tivesse fim.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Litígio

Se colar, colou tua vaidade, tuas viagens, uma cara de paisagem... Nesse mundo de imaginação fértil, nada é inerte aos fatos que acontecem. O mundo não parece disposto a fazer a nosso gosto o prazer do ócio, o desprazer do silêncio, a vontade má da natureza animal de um humano que grita como lobo sua superioridade aos demais bichos da floresta. O homem por dentro é uma selva.

O instinto do homem faz parte da irracionalidade de suas escolhas. O homem raciocina quando erra e pára no mais alto grau de felicidade, libido, prazer.

A burrice do homem é o que desperta na gente a natureza da carne. Nenhum homem é exceção ao estado que o define como igual a todos os demais animais. O homem faz escolhas e erra. Assim como nós, teimam em perceber o engano e insistir no erro. Esse mesmo homem não tem jeito...

E o seu conserto está em seguir seu caminho de acordo com seus conceitos de certo e de correto, como se o erro não batesse em sua porta, como se seus desacertos não fizessem parte do litígio que o leva ao seu próprio desespero de querer fazer tudo outra vez.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

11:11

Era sempre o que o display da minha TV tinha para me mostrar.
Depois que você se foi, fiz uma infinidade de coisas!
Mudei pensamentos, minha vida, algumas filosofias, fiquei só,
Senti frio e tomei rumo...

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Envelhecer antes que seja cedo

Fiquei feito pedra, duro, distante, com azia ainda no primeiro momento. Fui enganado pelo desejo adolescente que já não existe, questionado e aceito com uma mentira quase flagrante...

Não fui duro com ela, o fui comigo. Desapego-me muito fácil depois desse sofrimento todo, das voltas da vida, da reviravolta sem qualquer desejo, fatos acontecidos sem almejos, uma barbárie de coisas, como se cada dia ou sol nascido fosse um dia de trégua em uma prisão.

A vida parece uma carceragem, com vigilância, viaturas e uma sombra de fatos que te rodeiam. É como se houvesse um guarda o qual te vigia lá de cima ou uma enfermeira obesa e rude que olha para ti com ar sádico depois de te colocar em uma camisa de força...

Eu não posso chutar o balde justo agora, pisar o acelerador do carro com vontade ou perder o juízo em meio a uma multidão falsa de valores. Ainda que tenha vontade, ainda que enxergue isto como a mais pura e natural das soluções; ainda que canse do destino natural dos fatos e fatores.

Ainda que reconheça o erro, qualquer fatalidade, o desejo e a diferença entre sentimento e vontade, a dureza não está na mudança, no apoio inerte ou na sacanagem dinâmica. Mas, no envelhecer ainda na juventude e em uma vida cujo rumo foi traçado tão cedo... Quase ainda jovem, com os braços para trás, toda vez que me flagro pensando na vida, é como se eles estivessem algemados... Enganam-me, vez ou outra, quando penso que, de verdade, não poderei cruzá-los novamente.

Envelhecer dói, mas, sofrer as consequências da velhice precoce é que maltrata...

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Passar

Tive medo, lembrei várias vezes e estou aqui,
Não quis mais te ver, te vi sem querer
E senti pelo que te fiz...

Te escrevi várias vezes, fui mais sem você,
Apesar de ter sido exatamente quem sou
Quando me transformo no outro alguém
Que desejava a cada instante.

Quando se está naqueles tempos lá de trás
Não se sabe o que é felicidade,
Não se interessa em saber,
Quando o desejo real é viver
E esquecer do que não era
Até que tudo passou a ser depois de ter você.

Depois de ter você... Bem daquela forma
Difícil de entender, de sonhar
E topar de vez em quando em diferenças
Que afastam e atordoam
Por apenas um instante...

Quase senti demais, bem daquela forma
De se arrepender e voltar atrás
Ou correr pela rua transtornado...
Bem daquele modo em que se pára alguns minutos,
Pensa em tudo e recorda que depois de um mundo,
Seja de coisas feias e alegres,
Ainda assim não se aproxima do ideal,
Não se remete a si mesmo
E pela história se apaixona...
(E eu não me apaixonei mais uma vez.)

Eu quis ter você, tentei mais um vez.
Pensei que consegui e fiquei triste por não ter.
De novo tudo o que devia
Ainda que não saiba de verdade
Se é este o meu desejo ou só vontade
Ver passar tudo passar
Essa coisa de tristeza e de remorso,
Essas coisas de história e desapego,
Toda coisa de passar e de passar,
Que haja então de ir embora
Tudo o que veio a passeio
E a passar.

Em: 03 de fevereiro de 2013.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Nada de poesias

Dentre todas as vontades, a minha é a mais esdrúxula:
Aventuras, um pouco de bravura,
A coisa da plenitude no ser, rasgada à faca,
E a sensatez de se estar maduro e intacto
Às tentações duras.

Já até pensei em pacto,
Cogitei o improvavel... Vivi a espera de uma chuva de fatos.
Sobrevivi à perdas, mágoas,
Um pouco de bondade que faz mal e que maltrata...
A dureza, o silêncio, nada de poesias ou magias
É remédio para curar pessoas de pessoas,
Dos nossos filhos ao vizinho de quarto de motel.

A espera, há de se ter pena de quem vive dela,
Para ela, por dela, na direção contrária
À medida que tem que ser. Não daquela que dá choque,
Todavia, da ranzinza suicida, a qual insiste em estar com o nariz
Não onde não é chamado, mas, naquilo que
É Tentado.

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Tudo não passa de saudade

O mundo é mítico, metódico...
O sentimento, uma ilusão abstrata do concreto
O qual se está bem a frente.
Mas, suas fixações espalham-se ao vento
Dentro de seus métodos mais perspicazes
De fraqueza, dureza e afinidade.
O mundo é frágil por que é completo de pessoas
Que, frágeis, flácidas e com suas saudades,
Dizem que não voltam, se vão e voltam atrás...

Não é complicado falar de sentimento
Ou senti-lo nas suas formas flácidas!
Os momentos são as intersecções que existem
Entre as pessoas e o que elas sentem por entre elas mesmas.
Na verdade, tudo não passa de saudade,
Vontade de senti-la no seu metódico fino
Gesto de gentileza e de bondade com a própria carne
Que, com desejo, sai para devorar a fragilidade alheia.

Devora e volta atras.

Em: 01 de janeiro de 2013, às 04h48.