quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

(Que) Culpa(?)

Cada perfume que usas, cada cheiro de mofo na tua blusa,
Em cada instante que olhas nos meus olhos
Há um profundo em mim que mergulha em tua alma,
Se perde no teu labirinto extenso de dúvidas e vontades...
Se desencontra na tua carnificina de cores, caras e formas.

Eu apenas te desejo sem culpa
Inconsciente do que faço, dos erros que cometo,
Do pecado que me assola em cada instante que te imagino sem blusa.
A cada palavra que articulas com tua boca, cada frase dita
Conquista como se me seduzisse com tuas curvas,
Teu corpo despido, tuas peças íntimas...

Tua pele, teu rosto, o cheiro do teu corpo,
Cada minuto distante parece um mundo ainda longe no horizonte
E das vezes que me fiz homem em tuas entranhas
Senti tuas pálpebras agonizarem, como se sussurrasse algo,
Como que quisera algo revelar aos meus ouvidos...

Até tua respiração me priva de cada dia igual,
Do passado mórbido, intolerante
Dos erros de pavio curto que me assolam os dias de hoje.
Sempre quando vens, sempre, esqueço de tudo,
Completamente, como se me privasse
De mim mesmo, do eu triste, insolente, inflexível,
Dá máquina construída em mim dedicada a corrigir erros
E a não cometê-los mais.

É como se eu olhasse para dentro de mim
E não me reconhecesse, ainda que me atirasse
Em mim mesmo, na minha essência, nos meus instantes... Sinto-me assim.
Desejei ser assim, assim, quis estar. Quero que tudo continue
Desta ou de outra forma, como se nada também fosse tudo
E tudo não tivesse fim.