quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Quisera bela

Pensei fossem olhos, brilho, face
Pensei que fosse bela, beleza, belágua
Pensei que essa tua beleza, acesa
Feito vela não apagasse
E jorrasse o que havia de mais belo em ti,
O que há por trás, intrigante, esse teu pedaço
Que não se define, nem decide,
Nem se embebe para quem procura
Por água, bebesse de ti...

Pensei quisera ser bela
Que bela fosse, como os olhos brilham
Teu cabelo liso, tua pelo jambo
Como se manga doce feito
De olhar, dá para crer... O que não é.

Só que tristeza, carência, apatia
Não sei se te frustras com o belo que está bem a frente
Ou com o frenesi da tua textura pouca
De ternura...

Apesar da beleza, vi triste
Te vi no olhar, mufina
Como quisera dali partir, fugir
Como se tua pele não fosse
Aquela como se aquele cabelo não te fosse
Como que aqueles olhos que brilham
Não tivessem
Luz própria...

Eles, negros, você, bela
Não vi beleza além, tristeza
Nem tristeza bela além da carne que te prende,
Te esconde, vi um monte, incertezas, frágeis
Frangalhos quebradiços de cada pedaço de cada dia teu
Contados...
Talvez a esconder tua feiura, talvez
A evitar que essa tua beleza toda
Murche...