terça-feira, 15 de agosto de 2017

Tivera que perder

Escuro e só, solitário, enxotou-se de si
Serrou os olhos, como se pouco tivera
Rotina, estória, estivesse
Como se tivera a frente,
Viera, viveu e abriu a porta de casa
À própria sorte.
Planos, panos na manga,
Forma e fórmula próprios de fazer sentido
De si
Além da sorte (e que sorte!),
Forte, essa escuridão de pouca gente
E muito caminho percorrido,
Lembranças, afetos, carinho
Saudade de todas as formas,
De como as obras obram,
Uma obra inteira da própria vida,
Que tem vida própria,
Lembra e só, como viver
Toda essa sede de viver cada linha
Fosse proibida.
Amor, silêncio, qualquer feixe de luz,
A sala sem luz recorda
O melhor da meia forma
Ou a pior a qual havia de viver
E ser vivida...
Capítulos, prosas, novelas
A proposta de uma ida sem volta
Posta à prova
Lembra que foi, correu
À deriva
Como havia de ser o futuro
E viveu
Como se houvera de voltar
Tivera que ficar

Atrás, lá pretérito de algo perdido
Que o próprio tempo cuidou de ter
E perder
Para que cada minuto, no futuro
Fosse apreciado como foi vivido no passado.