quinta-feira, 12 de junho de 2025

Uma hora virá

Ainda que falte ar puro, limpo. Água doce, límpida. A saúde falte, o corpo falhe. Faltem pessoas. Não pessoa. Estima, carisma. A esperança se dissolva... A vida pareça distante. O oxigênio pouco adoeça os pulmões. O som do mundo dê dor de ouvido e a garganta quase pare. A ausência de mundo doa ao seu instante ausente. A dor já não jaz sequela. Porque uma fagulha pequena importa. Uma só, dentro desse mundo que sobra. À multidão, dá-se um  basta. E o pouco oxigênio basta. A fome que come pouco basta. Sede, azedume, amargor. Os pulmões, com pouco ar, bastam. A boca pouco mastiga e basta. E a língua sente. Porque o estômago vazio basta. Porque amar é virar-se p'ra viver e estar vivo. Ou forçar humanidade medida que deseja sentir tudo o que se sente quando se vive e se sente estando viva. Ou prazer na vista ruim que poucas cores vê; a surdez de pouco som diante d'ópera de sentir o toque alheio. Ou raiva que passa batida e batida que desce suave. Ou comida pouca que alimenta em demasia. Corpo nu que sustenta e se sustenta de outro corpo. Ou sustento pouco que pouco dá e não mais do que esse pouco baste e passe bastante. Amar é pecado ainda que santificado e sacrificado sacro e santo.

terça-feira, 27 de maio de 2025

Espremido

Eu quis sumir, hoje. Quis. Zerar, como 2 -2. Como que o dia estivera para ser esquecido. Espremido. Quis. Como quem respira, como que não quisera... Como quem foge da sorte. À Cruz. Como quem surda à própria voz. Como quem não se vê no espelho querendo. Cego, hoje. Ainda que não quis. Quisera me ver. Nem pude. Ainda que vendo, meus olhos. Nem quis. Por muito pouco, hoje, será esquecido. Com  vários recortes a serem guardados, pedaços picotados. Afora esses retalhos. Hoje, não. Quis.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

Tia Fátima (Tio Herivelto)

Esta semana, a primeira de dezembro de 2024, foi pra esquecer. 2024 jaz a lista de anos pra serem esquecidos, ainda que lembrados lá na frente. O nosso organismo, vivo, tende ao bom da nostalgia que nos reserva. Sempre, os bons momentos, os melhores, prevalecerão em nossa mente. Esta semana, ainda que bem triste, bem pesada, me restou à boa lembrança que levarei pelo resto da vida do lindo e acolhedor sorriso daquela que, não pelo sangue, mas, pela escolha, minha mesmo, fez-se minha tia. Salvou meus vários dezembros, desde muito tempo, vários natais e reveillons quase perdidos, na minha concepção de que era responsabilidade de um dos lados do restante da minha família, materna e paterna, a tarefa de me garantir o melhor mês do ano feliz. Ledo engano à epoca. Hoje, cabe sempre a mim. Mas, eu, menor de idade, criança, adolescente, não via muita escolha, senão, contentar-se com o que viesse ou sobrasse. Sobraram vários natais chatos e reveillons mais ou menos. Anos após, eu realmente fui feliz no meu momento favorito de todos os anos. Quem não gosta do mês de dezembro? Quem com perfil acadêmico não se encanta com uma bela cidade iluminada, presentes, festas, reuniões e reencontros com pessoas as quais se gosta tanto? Ainda lá atrás, mesmo adorando sobre tantas coisas o mês de dezembro, aprendi a apreciar o transcorrer e os fatos surpresas que a vida me presenteava (ou me desagradava) no correr do ano. Mas, justo com estranhos, com pessoas afora do sangue, dos meus primeiros dias de vida, de outro seio, reaprendi a apreciar o fim do ano. O mês de dezembro. As festas natalinas, o estouro de fogos. Fátima foi minha tia por escolha. Uma das pessoas mais lindas que conheci. A melhor amiga da minha mãe. Mãe dos meus três melhores amigos. Conterrâneos, todos. Que por uma imensa coincidencia, passaram a integrar os fatos e acontecimentos mais importantes de nossas vidas. Eu tive muita sorte. Tivemos muita sorte. Temos. Por que vivemos com essas pessoas. Contamos com elas. Pudemos contar com ela. Com a Fátima. Desde aquela correspondência entregue por engano ou por um erro de uma torre, mesmo que destinada ao apartamento de mesmo número lá no centro da maior cidade do centro-oeste brasileiro, talvez por tratarem-se de duas famílias nordestinas em terras estranhas que detestam essa (nossa) gente, esse engano, esse erro, foi, talvez, o maior acerto da vida daquele funcionário lá daquele condomínio onde morávamos bem 40 anos atrás e onde todos nos conhecemos. Carregamos essa dívida! 10 de dezembro de 2024... Uma data que me ensinou o medo da perda, a dor de perder, a diferença do som de uma voz, um olho aberto, de um olhar direcionado, de uma visita inesperada. Era com puro amor na forma de alegria que recebíamos, ainda que inesperadamente, as dezenas, centenas, de visitas inesperadas, sem aviso prévio mesmo, da tia Fátima, do tio Herivelto, do Guilherme, do Braulio e do Artur. Foram momentos incríveis com essas pessoas incríveis. Com a Tia Fátima incrível (e tudo aquilo que a gente viveu será sempre incrível). Tudo teve que ser bem dessa forma, bem daquela forma...

segunda-feira, 21 de agosto de 2023

Pai (Tio Savio)

Tinha que ser justo no dia dos pais?
Aquele que chamava de Pai,
Conhecido por Pai,
Como Pai,
Para todos era, simplesmente, Pai.
Pai de duas vidas lindas,
Pai de uma família linda,
Pai todos os dias,
(Lindo) Pai pra toda vida. Uma vida...
Pai de uma trajetória linda!
Pai orgulhoso, pai,
De carinho, Pai!
Aquele Pai que eu também chamava de Pai
Apesar de não ser meu pai.
E mesmo com as poucas horas
Que passou comigo sendo esse Pai
A quem tanto quero bem
Até fui pai e poderia ter sido o pai que sou
Com mais dias ao lado do meu Pai amigo...
Pai, lindo, inesquecível
Está ali nas minhas melhores horas,
No melhor da minha vida, o melhor dos anos,
Dias, lembranças
Andanças perdidas que sua casa era caminho...
Pai sempre esteve alí
Naquela casa, naquela avenida, naquelas esquinas.
Nessa cena toda de cinema
Que é parte da minha história,
O meu filme preferido de ser visto
E você, Pai, está alí.
Porque você foi o melhor Pai
Na parte que mais gosto dos meus dias
Vividos até aqui.

Em 14 de agosto de 2023, às 00:59:46.

segunda-feira, 12 de junho de 2023

Suporte

Está bem difícil... Atordoa, dói, Como se forçasse a mente E a mente aguentasse mais um pouco Pra que ela, a mente, aguente mais um pouco O que o coração não aguenta Já não suporta Não foi feito, nem instruído Feito de suporte e que aguente. Ser, não ser, você próprio Insuporta (insuportável) É insuportável É delirante Em meio a muito delírio de gente delirante A vida tem se tornado uma guerra Um prisão Um encarcerado que necessita de cuidado. A vida parece destópica Como se a perda bastasse Fosse remédio Remediasse Aliviasse O delírio, o ódio A ferida que não sara, não cura A angustia que não passa Por alguma culpa, É minha, essa culpa. Eu aguento Até onde a vida, ou fora dela, Dê o suporte.

quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

Década 2020

Estamos a menos de #24 horas do fim de uma década (e não só de mais um ano). Se #2020 fez-se palco a tantos fatos, avalie toda a década de #2010 (sim, uma década vai do ano #1 ao #10, pois não existe ano #0)!

Começou bem! Muito bem. Entranhou-se, estranhou-se... Seguiu, oscilou (piorou, melhorou)... E está terminando.

Com muito o que azedar, fermentar. E o importante fica. #Aprendizado. Aprenda. Ponha em prática. E que não se pratique o que julga ser p'ra esquecer.

Que se lembre, recorde. Que não se ponha #passado no #futuro. A vida tem que ter futuro. Que se faça ter. Por onde. Aonde. Onde. Por onde.

Que se faça por onde não só o ano que está por vir melhor. Que se faça por onde a #década a qual está por vir. Os anos que se seguirem. Seguirem. Os que farão se seguir. Seguirão. Os que nos segurarão por aqui.

E que os votos de #saúde, #riqueza, #prosperidade estejam para a #mente, #vida, #vitalidade. #Positividade. Em meio a tanta gente positiva. #Afeto. Que se positive o negativo!

E que não se viva para aquilo que (finge que) aprendeu. Não finja (que sabe). Ponha o que aprendeu para servir! E um basta na sabotagem contra si. #2021 #decada2020

sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

Felicidade(?)

Vontade de ser feliz não falta.
Eu tenho vontade,
Sinto que dá 
E pode 
Mas com esse sacode todo que se vive
E faz sentir falta 
O presente falta, passado insiste
- Não dá... 

Ainda que a sede de futuro lembre
Que não há vida sem futuro 
Não tem como não sentir saudade 
Desse futuro que se vive no presente 
Que se sonha
Que sonhara.

Farto, cheio de vida 
Presente 
Grana, alegria, sorrisos...
Gana.
Uma felicidade que se tinha
(E não sabia que seria essa luta infinita
De querer e ter vontade).