Nos moldes de como se fala, tentamos sempre de alguma forma ser dinâmicos. Tudo se modela aos olhos nus, conforme a liberdade; a verdade é integral, da criação à aberração. Somos um misto de tudo: de colunas, desabafos, programas, poesias, crônicas e conversas. Como toda poesia, parecemos experimentais, mas nos moldes carnais somos mais que aquilo que 'tá estampado aos olhos nus apaixonados.
quinta-feira, 12 de junho de 2025
Uma hora virá
Ainda que falte ar puro, limpo. Água doce, límpida. A saúde falte, o corpo falhe. Faltem pessoas. Não pessoa. Estima, carisma. A esperança se dissolva... A vida pareça distante. O oxigênio pouco adoeça os pulmões. O som do mundo dê dor de ouvido e a garganta quase pare. A ausência de mundo doa ao seu instante ausente. A dor já não jaz sequela. Porque uma fagulha pequena importa. Uma só, dentro desse mundo que sobra. À multidão, dá-se um basta. E o pouco oxigênio basta. A fome que come pouco basta. Sede, azedume, amargor. Os pulmões, com pouco ar, bastam. A boca pouco mastiga e basta. E a língua sente. Porque o estômago vazio basta. Porque amar é virar-se p'ra viver e estar vivo. Ou forçar humanidade medida que deseja sentir tudo o que se sente quando se vive e se sente estando viva. Ou prazer na vista ruim que poucas cores vê; a surdez de pouco som diante d'ópera de sentir o toque alheio. Ou raiva que passa batida e batida que desce suave. Ou comida pouca que alimenta em demasia. Corpo nu que sustenta e se sustenta de outro corpo. Ou sustento pouco que pouco dá e não mais do que esse pouco baste e passe bastante. Amar é pecado ainda que santificado e sacrificado sacro e santo.
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