terça-feira, 3 de setembro de 2019

Esse escuro

Esses dias turvos, a ausência de claridade, clareza
Humanidade...
A razão escura que toma conta da mente das pessoas,
Muda. A arrogância e essa ganancia toda, profunda,
Se afundam
Como barco de papel que boia n'água
Cristalina, de sabão
Ou da piscina de urina e cloro
(E sem despacio p'ra pensar e p'ra quem pensa)...

Essa escuridão toda desperta vontade,
Desejo, ansiedade,
Faz pensar em mergulhar
Descer até o fundo, esquecer (melhor quanto mais profundo)
Mesmo que não se possa respirar
Debaixo d'água, a mais imunda, como nesse ar de poeira
E sujeira.

A vontade que dá é de descer até o fundo
Ainda que não se possa respirar
Nem mais subir de volta,
Nem ver e rever quem mais se gosta
Ou o que se quer,
Tudo outra vez, mais uma vez
Ou lembrar da melhor parte disso tudo
Que se viveu até aqui
Como se não precisasse viver mais
Ou mais uma vez...

Não sei bem mais se há ou não vontade
De viver
Ou de seguir...
Mas, que o corpo pede ar, não vai aguentar,
Eu sei que pede...
Ele precisa de ar
Vai implorar, clamar piedade,
Suplicar p'ra respirar...
Só que ainda que essa poeira toda,
Essa sujeira,
Entupa os pulmões e engasgue
Essa vontade de viver, de novo, passa...