sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Quase em outra vida

Queria viver em um mundo, queria tanto...
De paisagens e cores, já não volta mais.
Sonhara ser alguém bem diferente
Muito além do que se via...

Questionava os rumos que tomara
O que dizia, com quem se deitara
A dor do amor por quem sentia
O passado inteiro ele questionava...

Ela queria ter alguém
E sem esquecer disto,
Sorriu tanto a dor de tê-lo tido
Como se tudo tivesse acontecido em outra vida.


Em: novembro de 2006 (adaptado).

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Reciprocidade em mesmo tom

Por muito pouco, não deixou de sorrir
Quis esconder as lágrimas, ninguém se despedia
Fechou os olhos e se pôs a acreditar
Ele era alguém muito além do que se via.

Esconde cartas e palavras e mostra um jogo sujo
Aquele outro desacreditado, sem esperanças
Via o mistério regalado desse mundo quase morto
E até que um dia o fizera bem assim...

Tão diferente, pelo pecado, simplesmente acreditado
Um dia, sim, o amor pela estética, o feitiço
Instintivo, lhe desenhara à risca...


Em: novembro de 2006 (adaptado).

domingo, 25 de setembro de 2011

[...]

Meu bem, veja onde já chegamos
Se já estamos aqui... Tão de repente, meio ausente
Se já estamos aqui, tão longe e tão perto.
Já falamos até em casamento e, por dentro, sentimos o soar da neblina
Abismados com o estrago que se fez...


Em: Fragmento escrito no segundo semestre de 2006

Há 11

Há 11 da minha vida que espero,
Há 11 que conheço, que me disfarço da minha nobreza.
Eu tinha e ainda tenho...

Há 11 que a minha pobreza nua improvisa,
Dita normas, distrai e se engana...
Muda a realidade e abandona
P'ra que aprenda a viver um pouco mais na minha

Há 11 que me jogo na vida, calado
Há 11 que apronto comigo mesmo,
Aquele que conhecia antes das mudanças.

Há 11 que você completa, há 11 que tenho
Há 11 que completamos, porque somos
Há 11 que amo surdo, calado para coisas que só eu sei.

Desperto e esperando que tenha uma noção do quanto é querer
Há 11 que perdi o medo, há 11 do mundo
Porque há 11, do tempo que faz a história, digo,
Sei, com a certeza de tudo o que se passa no mundo,
No mundo deste mundo.


Em: novembro de 2006 (reformulado)

quarta-feira, 1 de junho de 2011

140 caracteres

Excesso de vida é algo um tanto quanto perigoso...

A frieza alheia mostra a amizade de verdade e aquelas que ficam pela metade...

sábado, 30 de abril de 2011

Do outro lado

Um certo carnaval, de garrafas e danças
De andanças e convites
Parecia uma conjuntivite o que me deixara perplexo...
Fadado, depois que assisti ao mundo quieto.

Parecia que eu precisava de reflexo,
Mais de perto sentir o cheiro,
A melhor camisa preta,
A sua melhor camisa
Antes do tablet e da facilidade
Poetica dos dias que nunca se esquecem
Nem sao esquecidos...

A falta de todos os dias,
Nunca quase, sem esquecer nenhum
A distancia que curava arrochou o nó da dor.
Quis te contar novidades, quis saber das noticias
Das tuas idas e vindas,
Das vezes que se repetiam e brilhavam
Como se não tivessem fim
Como em cada primeira vez.

De repente, me vi correndo para dividir
As primeiras novidades... Já não estava lá.
Foi a primeira vez, ainda que se repetisse
Todas as vezes, ainda que nunca cansasse de ser
O primeiro a saber e o ultimo
A terminar de viver e dividir cada vez
Que voce vivia...

Corri para contar a ti as primeiras
Novidades da minha vida nova
E novamente percebi que já nao estava
Para atender meu chamado...
Do outro lado, lá eu vi
Que voce já não estava... Nem está.

Assim, assim...

Foi assim que te quis,
Sem querer fazer
Não querer sem te ver
Não querendo te ter
Antes de te conhecer

Foi assim que te amei.
Sem querer te amar
Não te amando sem ti
Depois de estar aqui
Foi assim que te quis.

Não me peça assim
Qualquer algo sem ti
Antes de tudo isto
Aqui longe daí.
Antes de partir p'r'aí

Foi assim que vi
O Mundo vir,
O tempo sorrir
E não passar feito o próprio
Tempo de ser feliz.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Quando tudo não passava de carência

Parece um sinistro, amor interrompido,
Um beco sem fim, como se houvesse alguma saída...
Como se tudo desse errado
E eu não devesse estar aqui.

Parece armadilha, uma brincadeira
Infantil. Um misto de carências e sonhos
Daqueles ruins. Sarcasmos estranhos que dizem
Que o mundo é mais mundo
P'ra ti, quando alguém te dá tudo
O que tinhas, antes de tudo
Até aqui.

Mudanças que vêm depressa,
Como milagres que acontecem,
Deixam em vazio um algo em teus braços...

Palavras, gestos, em teu seio, receio,
Teu cheiro e tuas mensagens,
Tua voz ao telefone
Entregam a necessidade de passatempo
Do tempo que não se tinha.
Uma folha de Comigo Ninguém pode
Dura e viva. E eu nunca deveria
Ter visto tua pele nua mais que uma vez
Além daqui.

Duas vidas se cruzam e se afastam
Como o enredo convencional
Das coisas reais
Do mundo real, que acontece,
E ninguém acredita.

Mas, a gente aceita
Como se aceita qualquer fim.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Sena

Sena é um rio, daqueles enormes
Daqueles que cortam continentes, povoados imensos.
Sena é um misto de beleza, autêntico,
Som, mar, brisa
E um monte de histórias vividas
Tão vívidas.

Sena é daquelas almas que impressionam amores,
Uma energia que transforma a intriga de viníl
Em melodia de diamante e ferro.
Sena é o princípio de muito,
Uma chuva de lembranças, de saudade
De paz, não de medo,
E de confiança que ensina.

Sena tem cheiro de coragem, de luta,
De guerra a ser vencida, não importam as batalhas.
Sena é um misto de tudo, depois
Que ele passa por nossas vidas...

Quem se despede do Sena
Sente sua falta...
Distante, até parece que o mar
Não encontra sua praia...
É impossível não querer voltar ao Sena
E sentir a sua brisa e o humor que por todo
Ele passa...

Sena não é para todos, nem para os amantes,
Nem aos iniciantes, ou bravos,
Aos fracos, covarder
Ou homens de coragem.
Sena é para quem é de Sena.

Sena é substantivo.

Sena é um sim sincero,
A sinceridade, a verdade e a reciprocidade
Consigo.
Sena não permite que as mágoas caminhem
Em seu leito de vida e de vidas
Que por ele caem por terra.

Ao Sena há inveja.
Sena é intrigantemente inconfundível.
Some ao passo de uma mágica e, de repente, dá o ar
Da sua graça, sem discórdias,
Do jeito que todos tentam
Com pouco sucesso.

Pode-se até encontrar Senas por aí
Mas, o verdadeiro, só existe 1.
O primeiro, o único, o dono de todas as obras
Que por ele navega a Arte.

Sena é alimentado pelas lágrimas
Que desceram em seu leito
Terra a dentro de seus braços assoreados.

O sucesso... É verdade...
Todos se encantam ao som sua grandeza
Indo ao horizonte.
Sena é o abrigo que vem do litoral...

Sena tem o seu começo.
Mas, quanto ao seu fim
Tenho certeza de que, de fato, desconheço.

P.S.: 02 de novembro de 1983...