quinta-feira, 6 de abril de 2017

Utilitário

Havia um mero pesar de pensamento
De ideias diluvias
Que navegaria nas asas de um mar que voa,
Que padece respirar água doce
Enquanto toca um barco
Em meio a um vendaval qualquer,
Que pudera servir de peneira
Arteira
Deveras alheio seria...
Diferente haveria de ser.

Se o Mundo não trasladasse
Sobre o mundo das coisas, a cabeça de cada
'Enquanto pudera ser' do mínimo instante
De cada pessoa
O pedacinho útil da leveza do ser
Utilmente seria
Utilitário.

Haveria açúcar bem no meio do mar, azul
A espelhar a imensidão do céu
De poucas nuvens
Que tentam imitar o ar e, de tanto tentar,
Brancas se espaçam feito algodão
Na imensidão azul que fazem parte...

Se úteis haveriam ser
Enquanto inúteis assim que pensassemos
No Mundo como um pedaço da soma de tudo que serve
Para servir, talvez, não haveria
Gana, grana, granada,
Groelândia ou a placa na grama do vizinho
Proibindo qualquer útil de pisar
Ou de ser inútil.

E haveria
Talvez terra de grãos de ar
Sementes dispostas a germinar...
Um inútil a tentar ser o seu próprio útil
Na sua incansável sede de viver
E de provar para si mesmo que o inútil
Não está em tudo aquilo que não se tenta.

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