sábado, 30 de agosto de 2014

Homo sapiens sapiens, 'homo-inutilis'

Mente comum é aquela que vê em outros superioridade e em si mortalidade. É o que tenho ouvido, por exato, nos últimos dias. Não existe perdedor, até que se faça o esforço devido para sê-lo. Qualquer estrada cobra seu pedágio de entrada e saída e percorrê-la é inevitável, tanto para quem anseia o cosmos da 'cosmo-pós-modernidade' como para quem decide pela preguiça.

É bom que não se mantenha parado e no meio exato do caminho de uma estrada, porque todo caminho o qual se percorre é susceptível a algum ou todo e qualquer tipo de intempérie; um intenso sol de meio-dia e sua quentura toda; incomoda, flagela incômodos e fracasso, arde até a preguiça e, à vaidade despida, queima e tortura a pele...

Falando em vaidade, lembremos que tal não se trata apenas de um sentimento compartilhado pelos mais inconvenientes. Vaidade é um sentimento que não está para todos, não o é para todo mundo. Vaidade está para quem faz poder, merecer e ter por direito por ter feito pertencer. Mais que um pecado capital, difere pessoas  e indivíduos. A vaidade mensura e distingue fracos e fortes, vencedores e perdedores, Josés e Antônios. Vaidade é tão natural ao humano quanto a filantropia aos bichos.

Mente de baixo teor não atinge o patamar da vaidade. A humildade existe para todos e é característica da história do homem, do seu surgimento ao patamar homo sapiens sapiens. Humildade e vaidade podem parecer antagônicos entre si, mas convivem tão bem lado a lado quanto um casal que anda de mãos dadas pela rua. O ódio daqueles que se dizem humildes aos vaidosos não passa, na verdade, de frustração do insucesso e da incapacidade de jamais ter atingido colocação social de vantagem. O vaidoso se sente, se exibe e deixa claro para todo mundo o quê quem ele é. Só que o faz com a consciência de que deve nada a ninguém e ninguém mais. O frustrado, o anti-vaidoso, não... Deve ele explicações ao resto do mundo que justifiquem o seu insucesso.

E um modo d'ele se explicar é posicionando-se às margem de vencedores, expondo-se ao ridículo e aceitando sua condição inútil do ser rebaixado que é. Quando essa maré inteira passa, aceita a condição finita de ser pacato e limitado, de conquistas simples e sem histórias doces. É isto o que o ser humano tem que entender, que ele não está aqui para isto. Não somente para isto, ele pode e deve querer mais.

Pessoas assim, limitadas, são danadas para cortarem as asas alheias. São ótimas desmotivadoras e perfeitas anciãs pregadoras do 'homo-inútilis'. Não podemos ser assim, visto que, onde quer que estejamos, avaliamos, somos avaliados e de alguma forma responsáveis pelos avanços ou retrocessos de alguém, ou de um grupo. No fim das contas, servimos como exemplos para nossos semelhante.

E é bom que não sejamos um tipo de exemplo a não ser seguido. Sucesso não é para todos. Quer dizer, é, sim, para aqueles que fazem por merecer serem seguidos por milhões!

Originalmente em: 15 / 02 / 2012.
Publicado em Beta Poeta

Nenhum comentário: